Uma das principais causas de morte no mundo é o diabetes. Esta doença metabólica crônica, que atinge cerca de 13 milhões de brasileiros, se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia).
Além disso, a secreção de insulina está alterada em indivíduos diabéticos. Enquanto o pâncreas de pacientes com diabetes do tipo 1 não consegue produzir insulina ou sua produção é insuficiente, as células dos indivíduos com diabetes do tipo 2 não respondem a este hormônio (resistência insulínica), o que compromete a captação e absorção de glicose pelo organismo.
Mas, em longo prazo, o diabetes também pode comprometer outras funções do nosso organismo, como o cérebro, rins, olhos e o sistema cardiovascular. E é sobre o impacto desta doença no coração e vasos sanguíneos que queremos conversar com você!
Como o diabetes afeta o coração?
São várias as complicações vasculares relacionadas ao diabetes e elas podem afetar os pequenos (complicações microvasculares) e os grandes vasos (alterações macrovasculares).
As primeiras acometem principalmente retina, os rins e o cérebro. Já as complicações dos grandes vasos estão relacionadas com o deoósito de placas de gordura em suas paredes (aterosclerose), que ocorre devido ao aumento da secreção de insulina (hiperinsulinemia), alteração dos níveis de colesterol e triglicerídeos (dislipidemia) e do aumento da glicemia que é comum em pacientes diabéticos.
Estas alterações contribuem para o desenvolvimento de angina, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e hipertensão arterial. Mas, alguns pacientes também podem evoluir com insuficiência cardíaca.
Qual a relação entre diabetes e insuficiência cardíaca?
Nesta condição, o coração não consegue bombear adequadamente o sangue para nutrir o organismo, devido à fraqueza ou a rigidez de sua musculatura. Diante disso, o paciente, começa a se sentir cansado e apresentar falta de ar. Mas, também pode haver o acúmulo de líquidos nos pulmões, no abdômen, nas pernas ou em outras regiões.
Um estudo recente realizado pela Escola de Medicina da Universidade John Hopkins demonstrou que o risco de evolução da insuficiência cardíaca aumenta consideravelmente em idosos com diabetes descompensado.
Neste estudo, que avaliou 4774 adultos com sinais iniciais da insuficiência cardíaca, os pacientes foram divididos em 2 grandes grupos. No primeiro, eles apresentavam pelo menos um fator de risco para a doença, como obesidade e hipertensão, mas ainda não tinham danos cardíacos. Já no segundo grupo, alterações na estrutura e função cardíaca já podiam ser observadas, mesmo na ausência de sintomas, assim como o aumento da expressão de biomarcadores cardíacos.
Em ambos os grupos, o diabetes descompensado foi suficiente para aumentar em mais de 1,5x o risco de evoluir a insuficiência cardíaca, ressaltando a importância e correlação entre esta doença e o diabetes. Com isso, o estudo reforça a importância de se manter a glicemia controlada nestes pacientes, com o intuito de impedir o avanço da insuficiência cardíaca.
Por que manter a glicemia sob controle?
As estratégias de controle glicêmico geralmente envolvem o uso de medicamentos e o controle da alimentação. Mas, existem outros fatores que podem influenciar na regulação dos níveis de glicose no sangue e um deles é o sono.
Indivíduos pré-diabéticos ou com diabetes do tipo 2 apresentam uma qualidade de sono ruim em comparação aos indivíduos saudáveis. Enquanto estes dormem de 7 a 8 horas por dia, os pacientes diabéticos relatam dormir menos de 5 horas diárias. Além disso, a hemoglobina glicada está aumentada nestes indivíduos, quando comparado com aqueles que têm sono regular. Contudo, dormir algumas horas a mais (mais de 8 horas diárias) também pode contribuir para o aumento da glicemia de jejum.
Vale ressaltar que a hemoglobina glicada é um importante indicador do controle da glicemia, pois verifica o nível de glicose que está ligada à hemoglobina nos últimos 3 meses.
O diabetes compromete muitos outros aspectos além do sistema cardiovascular e impacta profundamente na qualidade de vida do paciente. Desta forma, estratégias que visam manter os níveis de açúcar no sangue sob controle são fundamentais e pode envolver a alimentação, o uso de medicamentos e até uma noite de sono regular.
A Cura Home Care pode ser a sua maior aliada! Nós contamos com uma equipe multidisciplinar especializada para garantir o melhor apoio médico e psicológico, e tudo isso no conforto da sua casa.
Referências científicas:
Echouffo-Tcheugui, J. B., Ndumele, C. E., Zhang, S., Florido, R., Matsushita, K., Coresh, J., … & Selvin, E. (2022). Diabetes and Progression of Heart Failure: The Atherosclerosis Risk In Communities (ARIC) Study. Journal of the American College of Cardiology, 79(23), 2285-2293. Doi: 10.1016/j.jacc.2022.03.378.
Mokhlesi, B., Temple, K. A., Tjaden, A. H., Edelstein, S. L., Utzschneider, K. M., Nadeau, K. J., Hannon, T. S., Sam, S., Barengolts, E., Manchanda, S., Ehrmann, D. A., Van Cauter, E., & RISE Consortium (2019). Association of Self-Reported Sleep and Circadian Measures With Glycemia in Adults With Prediabetes or Recently Diagnosed Untreated Type 2 Diabetes. Diabetes care, 42(7), 1326–1332. Doi: 10.2337/dc19-0298.