Incontinência urinária em idosos

Incontinência urinária em idosos

A incontinência urinária é um problema de saúde muito comum em idosos. Além de trazer diversos prejuízos à qualidade de vida, a incontinência urinária é muitas vezes escondida pelo idoso devido à vergonha e preconceito que cercam o assunto. Problemas de controle da bexiga podem ser embaraçosos e fazer com que as pessoas evitem suas atividades normais.

No entanto, ao contrário do senso comum, a incontinência urinária na terceira idade não é um percurso natural decorrente do envelhecimento. Na verdade, ela é uma condição médica que pode e deve ser tratada.

O que é a incontinência urinária?

A bexiga é um órgão localizado na parte inferior do abdômen e possui um papel fundamental no armazenamento da urina produzida pelos rins. A micção (ou o ato de urinar) é controlada pelo sistema nervoso em regiões do cérebro e medula espinhal que se conectam entre si e com os diferentes órgãos do sistema urinário.

Além da influência do sistema nervoso, é necessária a ação de músculos que compõem a bexiga e a uretra para que a micção ocorra. Estes músculos estão localizados no colo vesical (canal localizado na porção final da bexiga que liga a mesma na uretra) e na uretra, e são conhecidos como esfíncteres. Na maior parte do tempo, esses esfíncteres atuam fechando esse canal, impedindo que a urina “vaze” da bexiga e podem ser contraídos voluntariamente.

Quando sentimos vontade de urinar, os esfíncteres relaxam e a uretra abre-se para a livre passagem da urina. Ao mesmo tempo, os músculos da parede da bexiga se contraem, expulsando a urina do seu interior em direção à uretra. Ao final da micção, quando a bexiga já se esvaziou, os esfíncteres se contraem novamente e a bexiga interrompe sua contração e relaxa.

Perceba que o controle da continência urinária envolve a participação conjunta de diversos músculos, assim como do sistema nervoso. Se houver algum problema no funcionamento destes músculos durante esse processo, a urina pode vazar de forma descontrolada. Por definição a incontinência urinária significa a perda involuntária de urina pela uretra. Essa perda de controle, especialmente da bexiga, pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas como dito anteriormente, os idosos são a população mais atingida.

Causas e tipos de incontinência urinária em idosos.

Diversos fatores podem influenciar no desenvolvimento da incontinência urinária, como infecções do trato urinário, infecções vaginais, constipação, traumas, entre outros. No entanto, quando o problema é persistente, outras causas podem estar envolvidas, especialmente em idosos.

As modificações corporais que ocorrem devido ao envelhecimento contribui de forma significativa para essa condição. Com o tempo, os músculos da bexiga podem se tornar mais frágeis e fracos, com menor poder de contração, contribuindo para uma piora no controle da continência urinária. Além disso, idosos podem possuir problemas de locomoção, dificultando a ida ao banheiro em tempo, por exemplo, ou doenças como o Alzheimer ou a doença de Parkinson, que impõem uma limitação mental e física ao idoso.

Dados epidemiológicos atuais sugerem uma prevalência geral da incontinência urinária de até 38% em mulheres com mais de 60 anos. Estes são números expressivos que superam o número de casos em homens. Mas alguns fatores podem explicar essas diferenças.

As mulheres apresentam algumas características físicas e anatômicas que podem propiciar a incontinência com o tempo. Os músculos do assoalho pélvico são importantes para o controle da micção, pois são responsáveis por sustentar os órgãos pélvicos. No entanto, em mulheres, existe uma falha natural nesse assoalho, a abertura vaginal e retal, o que faz com que as estruturas musculares sejam mais frágeis.

A obesidade, a gravidez e o parto vaginal são alguns fatores que pode influenciar ainda mais no enfraquecimento dessa musculatura, causando uma condição chamada “bexiga caída”. Essa condição é caracterizada pelo deslocamento da bexiga fora de sua posição anatômica, o que pode alterar o seu funcionamento e controle da micção.

Em geral, esse enfraquecimento muscular pode resultar em incontinência urinária de esforço. Esse tipo de incontinência ocorre quando há um vazamento de urina durante atividades como tossir, espirrar, rir, realizar uma atividade física intensa ou levantar um objeto pesado.

Em homens, a incontinência urinária pode estar relacionada com alterações na próstata. A próstata é uma glândula que aumenta com o envelhecimento natural do homem. Esse crescimento pode ocasionar uma maior pressão na uretra, dificultando o controle da urina. Em homens que passaram por cirurgia para remoção da próstata devido a alguma complicação, também podem sofrer de incontinência urinária, pois esse tipo de procedimento pode danificar os nervos e músculos que controlam a micção.

A bexiga hiperativa é outro tipo de incontinência urinária que ocorre devido a uma urgência súbita de urinar. As causas para essa condição são diversas e envolvem a perda de controle da inervação da bexiga. Em outras palavras, alguns distúrbios neurológicos como o Parkinson, o AVC, a esclerose e até mesmo a paraplegia, podem ocasionar dificuldade no controle da musculatura da bexiga, levando a contrações espontâneas e perda de urina.

Tratamento para a incontinência urinária em idosos

A falta de controle da urina é algo que pode causar situações desconfortáveis aos idosos, levando muitos a esconderem o problema de familiares e cuidadores. Por isso, a primeira opção é não ter vergonha e procurar auxílio médico.

Existem exercícios que podem se realizados para fortalecer os músculos pélvicos, melhorando controle da micção. Outra alternativa é adotar a prática de ir com maior frequência ao banheiro, em horários programados. Assim, evita-se o acúmulo de urina na bexiga e possível transbordamento. Com o passar do tempo, esses intervalos podem ser mais espaçadas, levando a um maior controle da bexiga.

A depender do caso, terapias medicamentosas também podem ser utilizadas para controlar a bexiga hiperativa, por exemplo. No entanto, esses casos devem ser avaliados e diagnosticados por um médico especialista para que a escolha do medicamento seja a mais assertiva o possível.

Cateterismo vesical

Em idosos que apresentam graus aumentados de fragilidade física ou mental, dispositivos médicos podem ser utilizados para controlar a micção. O cateterismo vesical, também conhecido como sonda vesical, é uma técnica onde é introduzido um cateter pela uretra até a bexiga. Assim, é possível drenar a urina da bexiga em idosos que não possuem mais o controle da micção.

O cateterismo vesical de demora é usado quando o cateter permanece por mais tempo para drenagem contínua (cateter de Foley ou de Owen). Fora do corpo, a sonda liga-se a uma bolsa que armazena a urina e pode ser fixa na cama, na cadeira de rodas ou na perna do idoso. A colocação desse tipo de dispositivo deve ser realizada somente por profissional da área da saúde.

Atenção aos cuidados com a sonda

Como a sonda fica continuamente dentro da bexiga, é necessário que o cuidador do idoso esteja atento a alguns detalhes importantes para prevenir infecções e machucados.

Sempre lave as mãos ao manusear a sonda e limpe a pele ao redor da mesma ao menos duas vezes por dia. Mantenha limpa a bolsa de urina, lavando-a uma vez ao dia com água e sabão. Não deixe a bolsa muito cheia e evite deixa-la em posição muito elevada para que a urina não retorne à bexiga.

Além disso, a sonda deve ficar livre de obstrução para que a urina possa sair continuamente. Por fim, tome cuidado para não puxar ou fazer movimentos bruscos ao manusear a sonda, assim você evita possíveis ferimentos na uretra do idoso.

Não negligencie a incontinência urinária

Independente da idade e condição do idoso, a incontinência urinária não deve ser negligenciada! É muito importante que a pessoa procure ajuda e que a família esteja próxima para dar o suporte necessário. Além de prevenir complicações referentes ao trato urinário, o tratamento correto da incontinência urinária tem potencial de melhorar muito a qualidade de vida e autoestima do paciente idoso.

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Referências:
Batmani, S., Jalali, R., Mohammadi, M., & Bokaee, S. (2021). Prevalence and factors related to urinary incontinence in older adults women worldwide: a comprehensive systematic review and meta-analysis of observational studies. BMC geriatrics.
Lukacz, E. S., Santiago-Lastra, Y., Albo, M. E., & Brubaker, L. (2017). Urinary incontinence in women: a review. Jama.
NIH National Instute on Aging. (2022). Urinary Incontinence in Older Adults. Disponível em: https://www.nia.nih.gov/health/urinary-incontinence-older-adults#happening,%20acessado%20em%2012/06/2017.

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